quinta-feira, 9 de maio de 2013

O Retorno


Fui esquecendo
Aos poucos
Engolindo voraz
O plural
E não concordava
Mas não discordava
E soprava
Esvaído
O som, o pensamento
A tinta não existe
Sobre o papel
Que não existe
Me despedindo
Das palavras
Sentindo, sem registro
Sem hora, sem tempo
E Sem tempo
Nada valia
E perdia

Agora retorno
A desenhar
O que sinto

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pedro sou eu

Esse desapego
Em que me apego
Torneando em ouro
Lapidando pedra
O que aos meus olhos
Sempre tiveram valor

Agora sigo outro caminho
Sigo as pedras que cato no chão
Aqueles que esqueci no caminho
Mas tarde, faltará o chão
Ou os passos

Se faltar o chão
Ladrilho a vida
Se faltar os passo
A apedrejo

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Oração à princesa e ao rei

Fico pensando
Nos meus dez anos
No tempo em que
Os problemas tinham
A dimensão do mundo
Mas eram pequeninos

Penso nessa pequenina flor
A quem chamo, gentilmente
De "Suvaco"
E ela responde
Como quem a chama
Pelo nome
Sinto que ela vê
O enorme carinho
Que disponho a ela

E essa princesinha
Brigava sempre pelo trono
Agora sua luta é outra
Uma luta covarde e injusta

Lembro daquele doce sorriso
Pequenino sol
E me sinto confiante
De que tudo findará
Ao despertar
E "Suvaco" estará brigando
Novamente, pelo seu trono
(que sempre será dela)

Diante de baquetas
Uma cadeira
Giratória e acolchoada
Com certeza é um trono
E não precisa
Ser criança para saber

Já o velho Rei
Não reina mais
O tempo empoeirou
Já não se vê o reino
Nem as flores
E janelas

Ao velho Rei
Fica apenas
O bem me quer
Tantos tributos pesados
Rendem fortuna
Fardo que não se pode carregar

Rogo a ti
Pai

domingo, 22 de maio de 2011

Metade de mim

Eu me pego pensando em você
E me pergunto quando mesmo te perdi
E apesar de estar tão perto
Sinto você tão distante

E já não sei
Aonde está aquela luz
Quando sorria
Sinto tanto a tua falta
A tua alegre companhia
E te quero, tanto

Pois eu sem você
Não sou eu
Sou parte de mim mesmo
Assim, parte da parte
Em parte alguma

Conhece-te a ti mesmo

Solo de trompete

É sempre a esse som
Um solo de trompete
Que grita, gemi

O silêncio em vão
Tenta esfaquear
E corta, fere
Mas não mata

Esse sopro de vida
Da dor
Triste e melancólica
Ruina do tempo
Do instante momento
De agora

Essa dor no coração
Já foi alegria
E o tempo não torna eterno
Nada que não deixemos ser

Djavan - Azul

"... Se acaso anoitecer
E o céu perder o azul
Entre o mar e o entardecer
Alga marinha, vá na maresia
Buscar ali um cheiro de azul
Essa côr não sai de mim..."