terça-feira, 29 de março de 2011

Socorro, o piloto sumiu!

Quando eu tinha cinco anos tive que me preparar para um grande voou. A primeira viagem de avião a gente não esquece, mesmo tão pequenino. O imaginário de uma criança é um "barato". Assim, ao saber que viajaria de avião chorei copiosamente. Acreditava eu, que viajaria num mono-motor da Segunda Guerra Mundial. Quando vi aquela máquina enorme, as lágrimas cessaram e um suave sorriso de canto de rosto se desenhou em minha face. A falecida Transbrasil me gerou fortes emoções, principalmente na turbulência que peguei no sanitário, quase partir o rosto no espelho.

Em 2007, viajando com meus "filhotes" para Floripa peguei uma turbulência e não achando pouca a emoção, o avião arremeteu em Guarulhos. Lembro que as pessoas aplaudiam quando o avião aterrissou. Em Florianópolis vi a aeromoça largar o carrinho (com meu sanduíche) para correr até sua poltrona. Mas nada disso chegou a ser um susto. Agora em março, retornando de Sampa pegamos uma turbulência (se é que foi turbulência, pois houve uma queda brusca de altitude) que me fez pensar que iria morrer. A coisa foi drástica demais, porém rápida. Nunca tive medo de morrer, apesar de crer que entre "achar" que não tenho medo e me confrontar com esse "mal irremediável" tem uma diferença enorme. Dessa forma, não saberia dizer qual seria a minha reação (até aquele momento).

Na hora do susto, pensei comigo "vou morrer". Simples assim. Não pensei em ninguém, nem em coisa alguma. Não se passou um filme na minha cabeça, nem os sonhos que quero realizar. Apenas uma conformidade. Sereno fiquei naqueles milésimos de segundos. Ainda atônito olhei para o lado e vi, como um naufrago, dois faróis me fitando. Eu lia os lábios, mas alguém abaixou o volume, pois nada ouvia.

Quando me dei conta, estava conversando como se nada, absolutamente nada, tivesse acontecido. Agora, toda vez que me lembro do susto sinto um suave cheiro de hidratante.

A vida é sempre leal conosco.

3 comentários:

  1. Mas que facilidade com as palavras... e quem souber onde "mora" o hidratante na história morre!

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  2. Pensei melhor... Se o cheiro não é de hidrante e sim de hidratante, esse cheiro representa a tranquilidade de ter saído ileso da situação?!

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  3. É o cheiro do que justifica a conformidade, mas que não a deseja.

    O cheiro sempre esteve presente em minhas memórias... Ao lembrar de minha avó sempre sinto cheiro de Nescafé. Sinto o cheiro de quem me aguardava, quando adolescente, retornar da escola nos dias de educação física. Havia uma suculenta sopa e o cheiro do café... Naquele tempo, só o café era instantâneo.

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